segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Dízimo no contexto Graça



Gl 3:5-14; I Tm 6:3-12

Falar sobre finanças na igreja tornou-se um tanto complicado. Por que se tornou complicado? Porque até bem poucos dias atrás não era assim.
Com o surgimento das denominadas “neo-petencostais”, esse assunto toma um rumo extremo, é supervalorizado, é alvo de escândalos, de comentários maldosos até na mídia, trazendo assim, desconforto e até muitas dúvidas para o povo de Deus.
A Bíblia, porém, fala desse assunto de forma natural como de qualquer outro.


I)A primeira pergunta que precisamos responder é a seguinte:

O dízimo deve ser entendido no contexto da Lei ou da Graça?
Existem duas posições:
a) Uma que defende o dízimo via Lei (Ml 3.10);
b) Outra, que defende via promessa (Gn 14.18-20) .

II) Entendemos que o dízimo antecede a Lei. Logo, a pergunta é a seguinte:

O que levou Abraão a dizimar?
a) Seria a Lei?
b) Seria a necessidade do sacerdote?
c) Ou era para ser abençoado?
        
Certamente, o grande motivador de Abraão foi, sem dúvida, a gratidão a Deus pelo socorro e graça a ele demonstrados na vitória obtida na guerra. Primeiro ele é abençoado pelo sacerdote, depois ele dizima (Gn 14:19-20). Isto mostra o temor de Abraão para com Aquele que é o dono de tudo. Respondemos então à pergunta, o dízimo deve ser entendido no contexto da promessa e não pela Lei.

Mas qual a relação entre a promessa e nós, a Igreja?
A relação é que  através da promessa veio Cristo, o nosso Salvador (Gn 12.3; Gl 3.8,14,16).
Assim, não podemos então classificar de ladrão aqueles que não são dizimistas, pois onde não há lei não há transgressão.

III) Ofertando e dizimando no contexto da Graça (Ef. 2.8,9; II Co 8,9)

Sabemos que a salvação nos é concedida mediante a graça, mas não somente ela, porém, todas as demais coisas são concedidas via graça. Logo, entendemos que as bênçãos também fazem parte. Portanto, o que damos ao Senhor já lhe pertence.

Alguns princípios do dízimo e da oferta são revelados no Novo Testamento:
a)  A  gratidão (a exemplo de Abraão - Gn 14.20). Você só é grato por algo que já recebeu (II Co 8.12);
b)   Porque o padrão moral e espiritual da graça é superior ao da lei (Mt 5.21-24). Preciso exceder a justiça dos fariseus (Mt 5.20);
c)  Além do dízimo e oferta, a nova aliança também nos ensina a dar esmolas (Mt 6.1-4; At 10.1-4 );
d)  O princípio do dízimo e oferta me ensina que como servo de Deus não posso ser escravo de Mamon (riqueza) Mt 6.24; I Tm 6.10;
         “O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda (Ec 5.10)”.
e) O Novo Testamento nos ensina que devemos investir nossos recursos terrenos no projeto eterno do céu (Mt 6.19-21; I Tm 6.17-19);
f)  O Mestre disse que “...mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35). Paulo nos ensina este princípio (2 Co 9.7);
g) No Novo Testamento Deus não promete riqueza a ninguém, porém, promete suprir nossas necessidades (Fl 4.19; Hb 13.5). Aliás, riqueza no Novo Testamento é mais símbolo de maldição do que de bênção (Mt 19.21-24; Lc 16.25; Lc 12.19; Ap 3.17).

IV) Alguns conceitos errôneos acerca do dízimo:

“Se queres ser abençoado, a única maneira é através do dízimo”;

“Se não abrires a mão para dares, a tua mão estará fechada para receber”;

“Só guerreia contra o diabo aquele que dizima e oferta, os demais estão vencidos por ele”;

“Quem não dizima é ladrão, e ladrão não entra no céu”;

“Aquele que não dizima, torna-se alvo do devorador (os famosos gafanhotos)”.

Como você  contextualiza os gafanhotos de Malaquias para os dias de hoje?
Quanto à questão dos gafanhotos, não temos base bíblica que apoie a ligação e associação da passagem de Joel para demônios. Não podemos esquecer que estamos em contextos diferentes. Israel vivia na dispensação da Lei, onde todos os pecados eram punidos por Deus, não apenas dízimos. Na Lei, a ordem era a seguinte: “O homem que fizer estas coisas, por elas viverá”. Na graça, porém, é: “O justo viverá da fé”.
Portanto, dízimo na Graça, deve ser entendido no contexto da fé e gratidão a Jesus; nunca por meio de Lei. Paulo diz que onde não há lei não há transgressão. Dizimamos por amor e gratidão, nunca por medo de punição. “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.


CONCLUSÃO

Verificamos então, que as riquezas prometidas à Igreja pela Graça são excessivamente maiores do que as da Lei, porém devemos compreendê-las no contexto espiritual (Ef 1.3).
Logo, se somos espiritualmente abençoados, é óbvio que Deus jamais deixaria de nos abençoar fisicamente, aliás, é o seu prazer. Porém, não podemos esquecer que o Senhor nos deu uma ordem de prioridades (Mt 6.33).
Promessas ao vencedor: Ap 2:7,11:17,26-28; 3:5,12, 21.

Para refletirmos:
Algumas razões porque sou dizimista:
1)   Sou dizimista porque já fui abençoado por Cristo e não para ser abençoado;
2)   Sou dizimista porque tudo pertence ao Senhor, sou apenas mordomo Dele;
3)   Sou dizimista porque mais bem-aventurada coisa é dar do que receber;
4)   Sou dizimista porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males;
5)   Sou dizimista porque tenho visão de Reino e quero ser participante na expansão desse Reino;
6)   Sou dizimista por amor a Aquele que me deu a própria vida;
7)   Não dizimo esperando nada em troca, pois tudo que recebo Dele não é por mérito meu, mas sim do Seu amor e graça.


Pastor Gerson Lopes

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